DEGEO

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8 de ago. de 2011

SEGREGAÇÃO DO TRABALHO FEMININO: A MÁSCARA DO MACHISMO


MARIA DE FÁTIMA FERREIRA MACIEL*
VANESSA MARTINS LOPES*

INTRODUÇÃO


A trajetória das mulheres ao longo da história é marcada por muitas lutas em busca de algumas conquistas. Em busca de melhores condições em seu trabalho, até mesmo vidas foram sacrificadas em nome da revolução feminina, como aconteceu em Nova York em 1957 numa fábrica de tecidos quando várias mulheres fizeram uma greve exigindo melhores condições trabalhistas. Essa manifestação foi violentamente reprimida tendo como conseqüência a morte de 130 tecelãs que foram carbonizadas. Décadas depois, essa data de 08 de março foi reconhecida pela ONU como data comemorativa do Dia Internacional da Mulher em homenagem aquelas que morreram lutando por seus direitos.
Posteriormente com a Revolução Industrial e a 1ª Guerra Mundial, as mulheres conquistaram novos espaços e se inseriram mais ainda no mercado de trabalho, na primeira ocasião essa inserção ocorreu como mais uma forma de exploração feminina e desigualdade, pois ganhavam 60% menos que os homens e cumpriam uma jornada de trabalho com cerca de 17 horas. No segundo caso, essa inserção se deu como forma de substituição dos homens que iam para as frentes de batalha; além disso, elas também passaram a assumir os negócios da família, assumindo a posição do homem no mercado de trabalho.
A partir dessa participação feminina em atividades que até então eram vistas como unicamente masculinas, elas aos poucos foram conquistando novos espaços e direitos. Ganharam algumas leis que as protegem, e em 1932 o direito do voto. No Brasil contemporâneo, por exemplo, uma grande conquista foi a Lei Maria da Penha que visa protegê-las contra agressões e maus tratos. Outra conquista para as brasileiras foi ter elegido como Presidente da República a primeira mulher na história do país: Dilma Roussef do Partido dos Trabalhadores. Isso mostra que no Brasil e no mundo as mulheres já passaram por cima de muitos obstáculos e preconceitos, porém ao longo desse artigo veremos que as desigualdades continuam e ainda há muito que se fazer para exterminar essa inferiorização do gênero feminino.
Procuramos analisar nesse artigo a segregação do trabalho feminino, que em si próprio já é um modo de exclusão, pois delimita espaços diferenciados  entre os grupos sociais a partir de atributos particulares, e em nosso contexto o gênero é o critério dessa delimitação, que faz com que as mulheres dentro e fora do mercado de trabalho, sejam menos privilegiadas que os homens. Em um contexto geral já sabemos que apesar de muitas conquistas, as mulheres ainda estão em desvantagem por causa do trabalho doméstico que implica cuidar da casa, do marido e dos filhos, onde por tal motivo elas se encontram, ainda em grande parte no mercado de trabalho, inseridas em empregos com falta de perspectiva, precariedade, baixa remuneração, etc.
O local escolhido para realizar essa análise foi à cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, usando como meio de obtenção de dados a aplicação de alguns questionários. Estes foram aplicados em três lojas diferentes a homens e mulheres, e ainda aos gerentes das respectivas lojas. Outro dado importante para a realização dessa análise foi a obtenção do quadro de funcionários das empresas, informando o número total de homens e mulheres que trabalham nas mesmas. Após a obtenção de todos esses dados e informações esperadas, objetivamos descobrir o grau de segregação do gênero feminino nessa cidade, tendo como fonte de pesquisa e ponto de partida essas três empresas. O objetivo maior foi o de descobrir a distribuição das mulheres nos cargos dentro dessas empresas, mas, sobretudo, se elas estão assumindo cargos de mais prestígio como gerência, por exemplo. E, ainda descobrir se essas mulheres já exerceram outros cargos de mais prestígio e melhor remuneração, antes de exercerem sua atual função dentro da loja.
Essas três lojas, sendo duas do ramo de eletrodoméstico e uma de confecção, totalizaram um quadro total de setenta e quatro funcionários, sendo quarenta homens e trinta e quatro mulheres. Com esses dados podemos observar que a diferença entre homens e mulheres que estão inseridos no ramo logístico é pequena, em relação há algumas décadas atrás. Através dessa informação evidencia-se que as mulheres estão sim ultrapassando cada vez mais as barreiras do lar e do trabalho doméstico, em busca de novas experiências profissionais e colaborando cada vez mais coma PEA do país, porém, ainda não estão em total igualdade ao sexo oposto. Entre os motivos que as fazem cada vez mais entrar no mercado de trabalho está à necessidade de renda e a busca pela independência. Desses setenta e quatro funcionários, trinta responderam os questionários, sendo dezesseis homens e quatorze mulheres. Dentre os trinta, três assumem o cargo de gerência, sendo dois homens e uma mulher. Dos demais funcionários que exercem outras funções, observou-se que 50% das mulheres são vendedoras em contrapartida com os homens que são apenas 40%. Eis que nesses dados encontra-se o principal ponto a enfatizar: a permanência da segregação do gênero feminino mesmo que esta ocorra agora de forma menos acentuada. Podemos ver que de três gerentes, apenas uma é mulher, isso comprova a delimitação de oportunidades das mulheres no mundo do trabalho. Além disso, a maioria das entrevistadas antes de trabalharem na atual empresa, exerceram funções semelhantes a atual, como vendedoras, caixas, etc; mostrando a história dessa segregação. Descobriu-se também que as taxas de fecundidade realmente estão diminuindo, pois das quatorze entrevistadas, sete são casadas, mas apenas quatro têm filhos. Este é um fator que colabora para a sua maior dedicação ao trabalho.
Através dessa pequena coleta de dados, podemos deduzir que a segregação ainda existe, não só em Juazeiro do Norte, como também numa escala mais ampla. Os motivos pela qual as mulheres não ocupam de maneira geral esses cargos têm suas raízes no machismo preconceituoso. Apesar das lutas e conquistas, ainda não se tem plena e total confiança de que as mulheres estão aptas a exercerem tais funções, isso porque, elas ainda estão aptas a exercerem tais funções, isso porque, elas ainda estão presas as suas inacabáveis obrigações domésticas, que dá uma sobrecarga de trabalho, colocando-as em situações de desvantagens em relação ao sexo masculino que ainda resiste a render-se às obrigações domésticas, recaindo todas as responsabilidades do trabalho doméstico sobre a mulher. Outros motivos seriam de ordem emocional, em virtude da suposta sensibilidade e fragilidade feminina frente às situações cotidianas, o que é considerado como “um risco” na hora de tomar decisões quando se está no comando.  Outro motivo ainda pode ser acrescentado, este seria de ordem biológica em razão das próprias características biológicas feminina, como a Tensão Pré Menstrual (TPM) onde a mulher se altera e irrita-se facilmente, podendo a TPM interferir sobre o trabalho, e ainda a gravidez que implica no afastamento e ausência por direito da mulher durante alguns meses; onde novamente há uma interferência no desenvolvimento do seu trabalho, em virtude da sua ausência, podendo interferir nos lucros da empresa.
Seja por sua relação com o trabalho doméstico, de sua sensibilidade ou ainda suas características biológicas, não se pode justificar essa forma de exclusão através  dessas características. Empregando a cada uma dessas “falsas justificativas” esconde-se além do machismo, uma expressão do ser humano apenas como fonte de lucros e acumulação de capital. O se humano como uma máquina que deve ser usada somente para produzir e produzir. E nessa corrida por obtenção de capital e vantagens, o homem é visto como um ser mais produtivo que a mulher, sendo oferecidas a eles melhores oportunidades, colaborando ainda mais para a continuidade dessa exclusão e exploração.
Enquanto ainda houver indícios na sociedade da idéia de que o sexo masculino ainda é superior ao feminino, com certeza continuará permanecendo essa desigualdade. As mulheres já estão, ainda que muito lentamente, invadindo os espaços ditos masculinos, porém é preciso agora que os homens também ocupem os espaços femininos. Isso pode ser feito começando dentro do próprio lar, abandonando a machista concepção de que são apenas as mulheres que tem que cuidar da casa e dos filhos. Dando-se esse primeiro passo então, os homens podem expandir-se para o trabalho extra domésticos, invadindo os espaços taxados como “femininos”. Quando essas ações forem concretizadas, deverá ocorrer a diminuição em grandes números da segregação do gênero feminino. Um fator que já colabora para a evolução delas no mercado de trabalho, é a diminuição na taxa de fecundidade nos últimos anos. É preciso somente mudar essa ideologia machista impregnada na sociedade, para romper todas as barreiras que impedem a evolução de um gênero considerado inferior; promovendo na vida pessoal e profissional a igualdade entre os sexos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

· ALVES, José Eustóquio Diniz. Articulando trabalho e gênero. Editora 34_ Campinas, São Paulo: 2000.
· OLIVEIRA, Orlandina de & ARIZA, Marina de. Gênero, trabalho e exclusão social. Demografia da Exclusão Social_ Temas e Abordagens.
· PROBST, Elisiana Renata. A Evolução da Mulher no Mercado de Trabalho. Instituto Catarinense de Pós Graduação_ ICPG.

Graduandos do Curso de Geografia do IV – Semestre
Disciplina – Geografia da População
Professor – João Ludgero Sobreira Neto

Um comentário:

  1. Logo no ínicio há um desencontro de datas, pois a primeira guerra mundial foi antes de 1957, data do acidente na fabrica. No sétimo parágrafo também há um desencontro de informações pois a pesquisa feita por elas não habilita-as de falar em uma escala maior além de Juazeiro do Norte, pois foi a unica cidade feita a pesquisa. Pouquissimos erros ortograficos, eles estão presentes em maior quantidade no sétimo e oitavo parágrafos.
    No mais o artigo está bom, elas souberam expor o assunto com clareza e objetividade, sustentaram firme a opinião delas.

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